Violência doméstica, assédio sexual e feminicídio se mantêm elevados no país durante a pandemia

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Publicado por Marcelo Abud no Instituto Claro em 21 de outubro 2020

O monitoramento “Um vírus e duas guerras”, realizado por meio de parceria entre sete veículos de jornalismo independente, aponta que aconteceu um feminicídio a cada nove horas entre março e agosto deste ano de 2020, no Brasil.

A triste marca mantém o país como o quinto que mais mata mulheres no mundo. Normalmente a fatalidade tem início a partir da manifestação de outros tipos de agressões. 

“Especificamente no Brasil, as mulheres sofrem violência dentro da casa, por seus companheiros. Até as violências sexuais, muitas delas, são praticadas por pessoas que a mulher já conhece, já tem uma confiança, uma intimidade”, atesta a advogada especialista em direito da mulher, Luciana Terra Villar

Entrevistada neste podcast, ela explica porque está envolvida com outras juristas na criação de redes de apoio a mulheres vítimas de violência. Villar é uma das fundadoras de dois projetos que surgiram a partir da pandemia do novo Coronavírus no Brasil: o Justiceiras, em março, e o Me Too Brasil, em setembro (inspirado na hashtag criada nos Estados Unidos em 2017).

No áudio, a entrevistada sinaliza como os diferentes graus de violência costumam se dar e revela que, mesmo com as mulheres distantes dos postos de trabalho durante o período de prevalência do home-office, o assédio sexual continua ocorrendo. 

“Teve uma pesquisa no Reino Unido [em julho de 2020], por um escritório de direito trabalhista, Slater And Gordon, em que mais de um terço das entrevistadas ouviram pedidos para que fiquem mais ‘sexies’ nas reuniões online, como uma forma de conquistar novos negócios”, conta Villar.

Em 6 meses, as ações do projeto Justiceiras auxiliaram mais de duas mil mulheres em todo o Brasil. Segundo a jurista, os casos monitorados nesse período apresentam um ponto em comum: os agressores usam uma posição de poder ou hierarquia para cometer um abuso.

No Brasil, viralizou um vídeo em que o professor insiste para aluna abrir a câmera, após ela dizer que não podia, porque não estava vestida. “Essa objetificação está presente no sistema estrutural. Então, não houve diminuição nesses casos de assédio sexual. Agora só mudou a forma: ficou online”, conclui. 

Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pela própria vítima ou por terceiros pelo número de WhatsApp (11) 99639-1212. A rede conta com milhares de assistentes sociais, psicólogas e juristas cadastradas para oferecer apoio gratuito e online em todo o país.