O 1º de Maio, como Dia do Trabalhador, remonta ao ano de 1886, na cidade de Chicago (EUA). Na referida data, milhares de trabalhadores, em movimento de greve, foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, principalmente, quanto à jornada de trabalho, que na época era de 12/13 horas e a reivindicação era de redução para 08 horas.
Dois dias depois, um episódio conflituoso, envolvendo policiais e trabalhadores, causou a morte de alguns manifestantes, tendo gerado uma revolta muito grande dentre os demais trabalhadores.
No dia 04 de maio, mais uma vez, os trabalhadores se reuniram na Praça Haymarket, em Chicago, nos Estados Unidos Durante a manifestação, uma bomba explodiu matando policiais e manifestantes. A reação da polícia local foi violenta, tendo ocasionado a morte de diversas pessoas. Este foi um acontecimento marcante, mas o dia 1º de Maio somente se tornaria feriado no ano de 1919, na França, data na qual o governo passou a aderir a carga diária de trabalho em 08 horas.
A data se popularizou no Brasil com o fortalecimento do movimento operário a partir do final do século XIX. Com a industrialização, a população operária brasileira se intensificava no início do século XX. Intensificavam-se também as reivindicações por melhorias nas condições trabalhistas, incluindo melhores salários, redução das jornadas e outras condições dignas para os operários. Greves e protestos da classe operária estouravam pelo Brasil também com um importante papel na luta contra a propriedade privada e o “Estado Burguês”.
Veio a se tornar oficialmente feriado em 1924, após a Greve Geral de 1917, ocasião na qual milhares de trabalhadores paulistas pararam suas atividades em sinal de protesto. A partir de então, o dia 1º de Maio foi marcado por diversas conquistas trabalhistas como em 1940, quando o então Presidente Getúlio Vargas instituiu o salário-mínimo, em 1941, data em que foi criada a Justiça do Trabalho e, em 1943, quando foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), reunindo todos os direitos trabalhistas.
O dia 1º de Maio passou a ser lembrado como uma homenagem à coragem e persistência daqueles que exigiram os direitos e benefícios que hoje são usufruídos pela classe trabalhadora. “O trabalho dignifica o homem”, expressão de Max Weber, jurista, economista alemão e um dos grandes nomes da sociologia, demonstra a importância do trabalho na vida do indivíduo. O trabalho, neste sentido, pode ser interpretado como condição preponderante para a realização humana.
Desde que Karl Marx (1846), filósofo e sociólogo alemão, declarou que o elemento diferencial entre o animal e o homem era que este era capaz de “produzir suas condições de existência”, de transformar o mundo, e assim não se submeter aos puros acasos da natureza, o trabalho é considerado, tanto por marxistas quanto por não marxistas, não só como uma característica importante da espécie humana, mas como a essência do homem.
E diante de tamanha importância, os jovens, desde muito cedo, começam a sofrer pressões do tipo: o que você vai ser quando crescer? A resposta dada e esperada, quase sempre, diz respeito a uma identificação profissional, um trabalho, um emprego. Não por menos. De acordo com todo o exposto, o trabalho ocupa lugar central na vida dos indivíduos. É centro de preocupações e investimentos individuais e coletivos, é fonte de renda e mecanismo de integração social.
Em fevereiro deste ano, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o desemprego entre os jovens (na faixa etária de 18 a 24 anos) atingiu 22,8% no 4º trimestre de 2021. Apesar de ser o menor índice desde 2015, ainda são números preocupantes, mormente, quando estamos falando do futuro do nosso país.
Se tivermos como parâmetros raça (preto – 13,6%, pardos – 12,6%, branco – 9%), gênero (mulher – 13,9%, homem – 9%) e escolaridade (ensino médio incompleto – 18,4%, superior incompleto – 11,8% e superior completo – 5,2%), vamos concluir que a injustiça social e desigualdade de oportunidades são fatores preponderantes para essa estatística.
A realidade é que, infelizmente, vivemos em um país racista e sem estrutura pública voltada à formação educacional digna daqueles que não são privilegiados por terem um ensino particular decente e oportunidades iguais aos demais.
Nosso papel transformador é atuar na capacitação desses jovens, levando informação, disseminando conhecimento e dando acesso a ferramentas paritárias para competirem pelas oportunidades de forma justa e devidamente preparados.
O conceito de trabalho para o jovem passa pela ideia de socialização e construção de identidade, pois o momento de inserção profissional pode ter um papel importante na construção de uma identidade de adulto, uma vez que o adulto tem seu papel tradicionalmente associado ao de trabalhador.
Assim, mais do que realizar alguma atividade útil à sociedade, a questão de qual a profissão exercida e o reconhecimento que esta possui perante a sociedade são valores importantes para os jovens. Isso porque não há como não relacionar esta questão ao fato de que os jovens se encontram inseridos em uma sociedade de classe, fortemente marcada pela divisão e desigualdade social e, logo, o lugar que se ocupa nela, assim como o reconhecimento obtido, é proveniente em grande parte da profissão exercida.
Não restam dúvidas de que o trabalho molda o caráter, cria o respeito ao próximo e às normas sociais. O trabalho ensina para a vida o relacionamento e o crescimento pessoal. Por isso deve-se começar desde cedo, em funções que sejam compatíveis aos jovens. O trabalho e o estudo são básicos para o seu sucesso e, consequentemente, o do país. Aliados às experiências dos mais velhos, fazem dupla perfeita e dinâmica na execução das atividades.
Com certeza, o jovem não perderá sua juventude, ao contrário, terá mais disposição para as atividades pessoais do dia a dia. É bem certo que encontrará alguns desafios em sua inserção no mercado de trabalho, mas a sociedade cada dia mais se conscientiza acerca da importância de proporcionar chances a esses indivíduos para que possam mudar suas vidas, as de suas famílias e da própria sociedade como um todo, mitigando as desigualdades, tendo um papel ativo na transformação dos jovens, buscando sempre oferecer armas paritárias para inserção deles no mercado de trabalho. Somente assim será possível construir uma sociedade mais forte e competitiva, semeando o futuro.
Referências Bibliográficas
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/movimento-operario-brasileiro.htm
https://www.reporterdiario.com.br/noticia/2458944/a-importancia-do-trabalho-na-vida-do-jovem/
https://www.poder360.com.br/economia/desemprego-entre-os-jovens-e-o-menor-desde-2015/