Publicado por Paula Santana em GPS Lifetime
Há quem acredite que os encontros da vida são por acaso e quem defenda que, na verdade, eles são arquitetados pelo destino. A presidente do Instituto Nelson Wilians (INW), Anne Wilians, se enquadra no segundo grupo. “Nosso encontro foi de almas, temos a mesma missão”. É assim que ela define o casamento de quase quatro anos com o advogado Nelson Wilians. O escritório, que carrega o nome do marido, é um dos maiores do país, está presente em todas as capitais e, ao longo dos anos, consolidou-se no mercado.
O que nem todos sabem é que, além da atuação no meio jurídico, Nelson Wilians também se preocupa em contribuir com a comunidade. Desde 2017, o Instituto Nelson Wilians assumiu oficialmente a responsabilidade de ser o braço social da renomada empresa. À frente do projeto está Anne Wilians e seu generoso coração. Nascida em Belém, no Pará, Anne está acostumada a trabalhar em prol da população.
Os pais dela eram empresários do ramo de saúde, proprietários de uma rede de farmácias e de um laboratório de análises clínicas, e sempre dedicaram alguns momentos para o atendimento à comunidade. Apesar da pouca idade, desde a infância Anne tinha vontade de fazer mais.
“Meu pai era um militar reformado, muito rígido, e disse que eu deveria parar de criticar o trabalho deles e tomar uma iniciativa por minha conta”, relembra. Então, aos 16 anos, ela se aproximou de uma organização que era ligada aos oito objetivos do milênio da ONU.
Essa foi a primeira vez que ela participou de algo que acreditava. No entanto, uma mudança para São Paulo, que aconteceu um ano mais tarde, precisou interromper o trabalho social. “Foi um aprendizado incrível”, descreve.
Depois dessa experiência, ela passou seis anos sem atuar no terceiro setor. Porém, o desejo de ajudar o próximo jamais saiu dos pensamentos de Anne Wilians.
“Eu sabia que queria fazer algum trabalho relacionado à educação. As realidades do meu pai, da minha mãe e do meu marido foram transformadas por meio dela”, ressalta. Foi assim que o instituto optou por trabalhar com investimentos em programas e tecnologias nessa área. A partir dessa definição, com muita responsabilidade e com a certeza de que não havia espaços para erros, o primeiro programa foi lançado em 2018.
O “eZAPe!”, em parceria com o Instituto Alair Martins, tem como objetivo desenvolver competências socioemocionais e virtudes empreendedoras nos jovens. No primeiro ano, o programa atingiu a impressionante marca de 3 mil beneficiários diretamente. “Em muitos casos, essa é a primeira vez que esses jovens pensam na própria vida.”
Em razão dos resultados positivos, Anne se prepara para expandir o programa no ano que vem.
Outra iniciativa do instituto é um lançamento mais recente, batizado de “Multiplicadores do Saber: Construindo Pontes”. Ele também visa o desenvolvimento de competências socioemocionais. Desta vez, entretanto, o foco está nos educadores. “Quem cuida do educador? Ele carece de ferramentas para lidar com esse jovem, que recebe vários estímulos ao redor dele – e, sabemos, muitos não são positivos”, pondera Anne.
Apresentado em 2019, o “Multiplicadores do Saber: Construindo Pontes” percorre o país capacitando professores em diversas escolas. A próxima parada é o Instituto Ressoar, em Nova Canaã, município da Bahia. De acordo com Anne Wilians, o diferencial do curso é ensinar aos educadores que eles podem desenvolver a própria metodologia, e assim desenvolver conexões com os alunos.
“Esse curso mexe muito com os professores. Eles estão acostumados a receber uma metodologia pronta para aplicar, e não precisa ser assim.” Ela acrescenta, ainda, que Brasília já está no cronograma e deve receber o projeto em julho deste ano.
O “Fazendo Vencer” também está voltado para educação, porém é focado no universo jurídico. Ele visa a inserção e o financiamento de um jovem na faculdade de Direito e no mundo jurídico. O projeto tem duração de seis anos e começa justamente no momento em que os adolescentes estão optando pelo curso superior, por volta dos 17 anos.
Uma seleção é realizada para selecionar aqueles que apresentam mais afinidade com o Direito. “Passando em uma das universidades parceiras, ele dá início aos estudos e começa a estagiar no escritório, passando por várias áreas”, detalha a presidente do INW. Esses jovens são avaliados constantemente e a ideia é que, ao se formarem, ingressem no conceituado escritório como associados.
Todos esses projetos são executados por uma equipe enxuta, composta por aproximadamente dez pessoas. E Anne garante que se faz presente diariamente. Ela observa que para fazer um bom trabalho é imprescindível ter pré-requisitos e ser rígido quanto a eles.
Com tantos anos de experiência e dedicação às causas sociais, Anne Wilians reconhece que a maior dificuldade prossegue sendo a captação de recursos e analisa que os últimos anos foram de muita mudança para o terceiro setor no Brasil. “Temos que mostrar em dobro a nossa transparência. Saímos de um amadorismo no terceiro setor para nos transformar em um campo que necessita de profissionalismo, se não, a gente subsiste”, assegura.
Na visão de Anne, esse é um caminho bom. “Em 2008, a gente teve uma recessão econômica muito grande no mundo. As empresas que sobreviveram foram exatamente as que tinham um trabalho com responsabilidade social corporativa”, enaltece.
Ela acredita na importância de estabelecer uma cultura de doação. Segundo a presidente, as pessoas acham que apenas o grande empresário é capaz de doar: “mas o que você faz na sua vida privada? Dentro do seu universo você pode também atuar de alguma forma. Temos que reconhecer os nossos privilégios e retribuir”, encoraja Anne Wilians.