Cidadania em prática: o papel transformador da juventude
O exercício pleno da cidadania é um dos maiores legados da Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã. Ela ampliou direitos e garantias individuais, assegurando à juventude espaços de voz e participação.
Entretanto, a previsão legal, por si só, não garante o engajamento: é necessário fomentar uma cultura de protagonismo juvenil, em que os jovens se reconheçam como atores centrais da democracia, e não apenas espectadores.
Segundo o IBGE (2022), o Brasil possui mais de 47 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, um grupo essencial para a vitalidade democrática.
Pesquisas como a de Silva (2021) apontam que jovens que participam de atividades escolares e comunitárias tendem a manter maior engajamento político e social na vida adulta. A cidadania, portanto, é uma prática que se aprende e se fortalece com a vivência.
1. Grêmios estudantis
Os grêmios estudantis, regulamentados pela Lei nº 7.398/1985, são uma das portas de entrada mais simbólicas para a atuação política juvenil.
Mais do que instrumentos de organização, eles são verdadeiros laboratórios democráticos, onde se aprende a dialogar, liderar e representar interesses coletivos.
Conforme destaca Arruda (2019), o grêmio desenvolve habilidades fundamentais como negociação, empatia e construção de consenso, competências indispensáveis para a vida em sociedade.
Nesse ambiente, os jovens percebem que a democracia é construída diariamente, de forma coletiva e participativa.
2. Conselhos municipais de juventude
Previstos pelo Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852/2013), os conselhos municipais de juventude têm papel estratégico na formulação e monitoramento de políticas públicas voltadas à juventude.
Esses espaços atuam como pontes entre governo e sociedade civil, permitindo que os jovens deixem de ser apenas beneficiários e se tornem coautores das políticas que os afetam.
Segundo Souza e Martins (2021), a presença de jovens nesses conselhos amplia a democracia participativa e torna o sistema político mais sensível às demandas reais, especialmente em áreas como saúde mental, emprego e inclusão digital.
3. Coletivos e movimentos sociais
Os coletivos juvenis e movimentos sociais representam uma forma mais horizontal e diversa de participação cidadã.
Diferentemente das instituições formais, esses grupos se organizam em torno de causas comuns, como meio ambiente, igualdade racial, direitos humanos e gênero.
Como observam Rocha e Lima (2020), tais espaços fortalecem o senso crítico e a capacidade de mobilização social.
Por meio deles, jovens de todo o país têm se engajado em iniciativas de sustentabilidade, cultura periférica e combate às desigualdades, tornando-se agentes reais de transformação social.
4. Audiências públicas
As audiências públicas são instrumentos de transparência e controle social que permitem a qualquer cidadão contribuir para a formulação de leis e políticas.
Apesar de pouco frequentadas por jovens, são oportunidades valiosas de aproximação com as instituições democráticas.
De acordo com Castro (2022), ao participar de uma audiência pública, o jovem pode questionar autoridades, apresentar propostas e acompanhar decisões legislativas, desenvolvendo uma compreensão prática sobre o funcionamento do Estado.
5. Plataformas digitais
Com o avanço das tecnologias, surgiram as plataformas digitais de participação, como o Participa + Brasil e os orçamentos participativos online.
Essas ferramentas democratizam o acesso à informação e permitem que qualquer jovem vote em prioridades governamentais ou apresente projetos de forma remota.
A cidadania digital, como lembra Castro (2022), é cada vez mais relevante em uma sociedade hiperconectada.
O desafio, no entanto, é transformar o ativismo das redes sociais em participação política efetiva, com resultados concretos para o bem coletivo.
Participação cidadã: um compromisso com o futuro da democracia
Esses cinco espaços — grêmios, conselhos, coletivos, audiências e plataformas digitais — são ambientes de formação cidadã.
Neles, os jovens aprendem que a democracia vai além do voto: ela se constrói diariamente, nas interações, nos debates e nas decisões compartilhadas.
De acordo com o Datafolha (2023), 62% dos jovens brasileiros acreditam ter pouco ou nenhum espaço de influência nas decisões políticas.
Esse dado reforça a necessidade urgente de ampliar o acesso e a divulgação dessas instâncias participativas.
Educar para transformar: o papel da sociedade e das instituições
Como ensina Cortella (2018), educar para a cidadania não é apenas transmitir conhecimento, mas despertar consciência crítica e senso de responsabilidade coletiva.
Para isso, é essencial que escolas, famílias, organizações sociais e o poder público criem condições para que os jovens ocupem os espaços que lhes pertencem por direito.
No Instituto Nelson Wilians, acreditamos que a cidadania plena só existe quando cada jovem reconhece seu papel transformador e se engaja na construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
