No cenário atual, em que a pauta do racismo tem sido amplamente difundida nos diversos meios de comunicação e educação, o Instituto Nelson Wilians reforça seu posicionamento na luta contra as desigualdades sociorraciais ainda existentes. Por isso, foi realizado na terça-feira (11) o Encontro Extra do Programa INW CONECTA, visando levar conhecimento e ampliação do pensamento crítico aos ouvintes.
Convidamos o Pesquisador, Escritor e Professor Dr. Natanael Santos para esse encontro online, que foi mediado pela Profª. Fernanda Santana, Coordenadora Pedagógica do Centro Educacional Dom Bosco, de Jaboatão dos Guararapes – PE, e da Escola Dom Bosco, de Recife – PE.
Fernanda pergunta sobre a importância de dialogar sobre o assunto, e Natanael explica que discutir diferenças se faz necessário, considerando as desigualdades ainda existentes no nosso país. “Eu tenho uma fala que diz: Nossas diferenças não faz a menor diferença desde que tenhamos informação. E nós temos poucas informações sobre a história do negro. Os descendentes de família italiana, portuguesa ou japonesa, por exemplo, conseguem saber até em que navio seus antepassados chegaram ao Brasil, já os negros não. Somos povos que não tem referência. Então sempre precisamos trazer à tona conhecimento a respeito do negro no Brasil”. O professor faz questão de se posicionar: “Eu sou da raça humana. Posso ser da etnia preta ou negra, mas todos nós somos da raça humana”.
Quanto ao ensino nas escolas, ele afirma que seria fundamental que fossem ensinados desde o ensino primário as contribuições do africano na construção do país, como métodos de plantios, mineração, metalurgia e planejamento urbano. Conta que o Brasil, em 1920, tinha a melhor malha ferroviária do mundo, que foi construída por negros. “A escola não nos dá o direito a esses conhecimentos tão importante. O negro foi escravizado e transferiu o conhecimento dele para o progresso da nossa nação. Hoje há Leis que obrigam os municípios e estados a colocar a história do negro nas suas bases curriculares. É a Lei 11.645/2008”. Explica que, em 1888, quando houve a Abolição da Escravatura, não existiu um plano de reforma agrária e de acesso à educação para os negro libertos. Ao contrário, imigrantes passaram a ser recebidos com incentivo do Brasil e do seu país de origem.
O pesquisador conta sobre características biológicas com negro, como o formato do nariz e lábios, textura do cabelo e melanina da pele. “A falta de informação no nosso país é gritante, cria desrespeito, preconceito e vaidades”. Fernanda pergunta de onde surgiu a motivação do professor em se aprofundar sobre o tema. Ele conta que foi ao descobrir que um dos personagens bíblicos, Simão Cirineu, era negro. Ao pesquisar sobre a história do cristianismo, concluiu que Jesus Cristo também seria negro tendo em vista a referência geográfica. Com isso, passou a se interessar por pesquisa e foi convidado a integrar o Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da Unicamp. Ele conta que a fórmula para a resiliência é manter foco nos objetivos. “Você pode escolher ser um pedreiro, mas decida ser o melhor pedreiro do mundo se esse for o seu objetivo”.
Os convidados saíram deste encontro fortalecidos, engajados para o enfrentamento do racismo e empoderados sobre sua ancestralidade. “Como não se emocionar ouvindo tudo isso, e sentindo essa força vinda dessa trajetória e experiência que o professor transferiu para nós? Saio daqui empoderada, e se eu tivesse esses mesmo conhecimentos na minha infância, hoje eu seria outra pessoa. Espero que isso não fique apenas entre a gente. Que saibamos nos impor e transferir o que a gente aprendeu. Estou feliz de verdade, muito obrigada”, comenta a candidata a jovem aprendiz da Escola Dom Bosco de Recife -PE, Kettly Santos. Fernanda comemora a tarde de troca de conhecimentos, aprendizado e valorização da vida, reforçando que depois dessa conversa, ela também não é mais a mesma.
Para que possam se aprofundar sobre o tema, todos os alunos, educandos e profissionais que estiveram presentes neste encontro receberão o e-book “Trajetórias do Africano em Território Brasileiro”, um presente do autor e do Instituto Nelson Wilians.
Para acompanhar e conversar com o Professor Dr. Natanael Santos:
instagram.com/natanaelprofessor/
facebook.com/professornatanaeldossantos/
youtube.com/professornatanael