Desde seu início, em 27 de março, a força-tarefa Justiceiras recebe diariamente contato de mulheres vítimas de violência, com pedidos de orientações sobre os diversos tipos de violência: física, psicológica, moral, sexual, patrimonial.
A vítima pode pedir ajuda via WhatsApp no número (11) 99639-1212, quando preenche o formulário eletrônico, e é direcionado para uma equipe voluntária, profissional e multidisciplinar, que inclui advogadas, psicólogas, assistentes sociais, rede de apoio e, quando necessário, orientação médica. Todo o contato é feito de forma remota, por mensagens, ligações ou vídeo-chamadas.As voluntárias também são de diferentes regiões do Brasil e já somam mais de 1300 justiceiras.
Para melhor compreensão no cenário de violência doméstica associada ao isolamento, o projeto conta também com a contribuição da Antropóloga Beatriz Accioly Lins, que analisa o perfil das mulheres vitimadas.
Até o último levantamento, feito em 05 de maio foi possível perceber que, entre as 376 vítimas, 57% realizaram a denúncia pela primeira vez. 53% das mulheres atendidas se autodeclararam negras, destas 47% delas estão desempregada e 35% não possuem nenhuma renda. Em 188 casos, o agressor é o atual parceiro, e em 140 casos o agressor é um ex-parceiro da vítima
O Justiceiras já recebeu vítimas de 21 estados da Federação, em todas as regiões do país, e também do Distrito Federal. O número maior de casos está concentrado no estado de São Paulo, significando 59% dos pedidos de ajuda. A atendida mais jovem tem 15 anos e a mais velha tem 67 anos. Seis em cada dez atendidas têm entre 20 e 40 anos de idade.
Em cada 10 solicitantes atendidas, 09 relatam situações de violência psicológica. Em 30% dos casos, os agressores têm acesso ao celular da vítima. Os principais conflitos relatados por essas mulheres são: controle da comunicação (em geral, através do acesso à internet e/ou celular, muitas vezes quebrando o aparelho), proibição de sair de casa, companheiros que não seguem a quarentena e colocam em risco a família, homens que dificultam ou impedem a realização de trabalhos em casa (home-office) e controle da renda familiar.
O Instituto Nelson Wilians, idealizador do programa junto aos Institutos Justiça de Saia e Bem Querer Mulher, agradece todas as voluntárias que se comprometem com a iniciativa, bem como os demais parceiros que se juntam à causa, fortalecendo o projeto. A união desses esforços tem permitido que mais mulheres vitimadas tenham acesso ao projeto, e que elas recebam orientação para o enfrentamento da violência doméstica.