O Brasil abriga quase 50 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, representando um quarto da população nacional. Este grupo etário, conhecido como “bônus demográfico”, possui um enorme potencial para o progresso econômico e o desenvolvimento social do país. Contudo, os jovens brasileiros enfrentam uma realidade de constante violação de direitos e vulnerabilidades sociais, que impõem barreiras significativas ao seu pleno desenvolvimento. Investir no desenvolvimento dos jovens é crucial para combater as desigualdades de várias formas.
Reduzir as desigualdades entre os jovens é fundamental não apenas para o bem-estar imediato dessa população, mas também para o futuro do país. Jovens que têm acesso a oportunidades de educação, saúde, emprego e participação política são mais propensos a se tornarem adultos produtivos e engajados, capazes de contribuir positivamente para a sociedade. Ignorar as necessidades dos jovens perpetua ciclos de pobreza e exclusão, minando o potencial de crescimento econômico e coesão social. Portanto, investir nos jovens é uma estratégia essencial para assegurar um futuro mais justo e próspero para todos.
O acesso à educação de qualidade é um fator determinante para a mobilidade social e a redução das desigualdades. Programas que incentivem a permanência dos jovens na escola e a qualificação profissional, especialmente nas áreas periféricas e rurais, são essenciais. A educação não apenas empodera os jovens, mas também amplia suas oportunidades de inserção no mercado de trabalho, reduzindo as disparidades econômicas. Nesse contexto, ações como voluntariado como mentor para jovens em escolas públicas, doações para fundos de bolsas de estudo e a organização de oficinas de capacitação profissional podem fazer uma diferença significativa na vida dos jovens. De acordo com estudos, cada ano adicional de escolaridade pode aumentar significativamente a renda individual e a estabilidade econômica. Além disso, uma educação de qualidade prepara os jovens para um mercado de trabalho em constante evolução, equipando-os com habilidades técnicas e socioemocionais necessárias para se destacar em uma economia globalizada. No contexto da formação profissional, programas de estágio, parcerias com empresas para aprendizado prático e cursos de formação técnica são extremamente valiosos. Estes programas ajudam a alinhar as habilidades dos jovens com as demandas do mercado de trabalho, facilitando sua transição para o emprego e promovendo um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico. Além da educação, a promoção da saúde física e mental também é vital para o desenvolvimento dos jovens. Políticas públicas que garantam acesso a serviços de saúde, atividades esportivas e culturais podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos jovens. A educação sobre saúde sexual e reprodutiva, por exemplo, contribui para a redução das taxas de gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis, fatores que impactam diretamente a continuidade dos estudos e a entrada no mercado de trabalho. Participar de programas esportivos comunitários, oferecer atendimento psicológico voluntário e envolver-se em campanhas educativas sobre saúde sexual são exemplos de como contribuir para o bem-estar juvenil.
Para fortalecer a democracia e promover a justiça social, é essencial incluir os jovens nos processos de tomada de decisão e em espaços de participação política. Iniciativas que incentivem o protagonismo juvenil, como conselhos de juventude e programas de liderança, garantem que as políticas públicas atendam às necessidades reais dessa população, promovendo a equidade. Portanto, criar grupos de debate, promover a importância do voto e apoiar conselhos locais de juventude são maneiras eficazes de incentivar a participação ativa dos jovens na sociedade. Ou seja, as políticas públicas devem ser projetadas para enfrentar diretamente as desigualdades e promover a inclusão, garantindo que todos os jovens tenham a chance de prosperar.
Além disso, o apoio ao empreendedorismo e à inovação entre os jovens pode ser um motor de desenvolvimento econômico. Programas que ofereçam microcréditos, capacitação em gestão de negócios e acesso a mercados ajudam a criar oportunidades de emprego e geração de renda, especialmente em comunidades vulneráveis. Estudos que mostram números e resultados de jovens empreendedores no mundo e no Brasil feitos pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada em mais de 100 países para medir a atividade empreendedora e as características dos empreendedores em cada país, demonstrou que empreendedores jovens têm maior potencial para introduzir novas ideias e tecnologias, contribuindo para o crescimento econômico sustentável. Ainda conforme a pesquisa, 24% dos empreendedores brasileiros têm até 34 anos. Oferecer workshops de empreendedorismo, apoiar programas de microcrédito e estabelecer parcerias com empresas locais para programas de estágio são formas concretas de empoderar economicamente os jovens. Iniciativas de incubadoras e aceleradoras de startups também desempenham um papel crucial, fornecendo infraestrutura, orientação técnica e oportunidades de networking que são vitais para o sucesso empresarial. É evidente se notar nas relações sociais que empreendedores que participam de tais programas têm maior taxa de sucesso e impacto positivo em suas comunidades, é importante considerar a inclusão de políticas públicas que incentivem o empreendedorismo jovem, como a redução de burocracia para a criação de novos negócios, e a criação de ambientes regulatórios favoráveis. A combinação de apoio institucional, iniciativas comunitárias e parcerias estratégicas cria um ecossistema que pode transformar o potencial empreendedor dos jovens em resultados tangíveis e duradouros.
Por fim, a luta contra o racismo, o sexismo, a homofobia e outras formas de discriminação é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. Campanhas de conscientização e políticas afirmativas que promovam a igualdade de gênero e a inclusão de jovens negros, indígenas, LGBTQIA+ e com deficiência são essenciais para reduzir as desigualdades estruturais. Envolver-se em campanhas contra discriminação, participar de iniciativas que promovam a inclusão e organizar palestras sobre a importância da diversidade são ações que todos podem realizar para ajudar a combater as desigualdades. A criação de espaços seguros e de apoio para grupos marginalizados é outra medida vital. Estes espaços permitem que indivíduos afetados compartilhem suas experiências e recebam suporte, além de contribuir para uma maior visibilidade das questões enfrentadas. Fomentar a representação e a participação ativa desses grupos em todos os níveis da sociedade — desde cargos de liderança até a base da estrutura social — é crucial para garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades atendidas.
Investir no desenvolvimento dos jovens é, sem dúvida, investir no futuro do Brasil. Ao assegurarmos educação de qualidade, saúde, participação política, empoderamento econômico e a luta contra as discriminações, estamos criando um ambiente propício para que eles possam alcançar seu pleno potencial. Essa trajetória não apenas contribui para a redução das desigualdades, mas também para a construção de uma sociedade mais justa e próspera para todos. Cada pequena ação tem o poder de gerar um impacto significativo, promovendo um futuro melhor e mais inclusivo, onde todos possam acessar seus direitos.
Referências
- ATLAS DAS JUVENTUDES. Atlas das Juventudes 2021. Disponível em: <www.atlasdasjuventudes.com.br>. Acesso em: 10 out. 2024.
- FBSP. Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2020/10/infografico-2020-anuario-14-final.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.
- GEM GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Disponível em: https://www.gemconsortium.org/. Acesso em: 10 out. 2024.
- G1. Cada ano estudado pode aumentar 15% a renda das pessoas. Disponível em: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/especial-publicitario/faculdades-secal/noticia/cada-ano-estudado-pode-aumentar-15-a-renda-das-pessoas.ghtml. Acesso em: 10 out. 2024.