Lançado na sexta-feira (25/9), com o apoio da OAB-SP, o movimento pretende ser uma voz importante no país contra o assédio sexual. A iniciativa conta com o envolvimento do Projeto Justiceiras, da Agência Model Brasil e tem apoio da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-SP.
“Um movimento como esse precisa de coragem para se alavancar, precisa de coragem para ser mantido e precisa de coragem para dar voz à mulher que sofre muito e, às vezes sofre calada e prolongadamente”, ressalta a diretora-tesoureira da OAB-SP, Raquel Elita Alves Preto. “O ideal seria que a ação não precisasse existir, mas ela ainda é necessária e fundamental”.
De iniciativa norte-americana, o movimento viralizou em 2017, por chamar a atenção para a questão do abusos e assédios sexuais na glamurosa Hollywood, principalmente. No Brasil, as voluntárias do Projeto Justiceiras estão acolhendo e orientando os casos de assédio e abuso recebidos pelo Me Too brasileiro, tendo já recebido mais de 50 casos pela plataforma, em uma semana. A advogada Anne Wilians, presidente do INW e coidealizadora do Projeto Justiceiras, reforça a importância da transformação da sociedade por meio da educação e do enfrentamento da violência de gênero.
“Como mulher, eu sabia da responsabilidade na transformação do nosso espaço. O Projeto Justiceiras, que está junto com o Me Too Brasil, deu oportunidade para que as voluntárias que se juntaram ao projeto pudessem compreender a importância do enfrentamento e todas as camadas da violência, e hoje já somos quase 4 mil voluntárias”, explica Anne. “É importante entendermos também a relevância do Me Too em levantar vozes da classe artística, onde se verificam ações constantes de abuso, assédio e massacre aos direitos, olhando sempre para a violação de gênero“.
Luciana Terra, que integra a Coordenação Jurídica do Me Too Brasil e a Gestão Nacional do Projeto Justiceiras, lembra que coisas incríveis acontecem quando mulheres se unem, e que o Me Too veio para amplificar as vozes das mulheres, e o Justiceiras presta todo o apoio necessário de escuta e orientação jurídico, psicológico e socioassistencial, garantindo às vítimas o acesso aos sistemas de justiça, saúde e segurança pública.
A presidente da Comissão da Diversidade Sexual e Igualdade de Gênero da OAB-SP e do MeToo Brasil, Marina Ganzarolli, alerta que a Justiça falha muitas vezes com as mulheres e, mais ainda, quando se fala em violência sexual.
“A gente tem o depoimento da vítima versus o depoimento do agressor e, mais uma vez, no sistema de poder onde já existe uma desigualdade, a voz dessa mulher é silenciada, e o predador sexual segue impune. Então, por essa falta de segurança, muitas vítimas não vêm até a Justiça”, alerta. “Mas é por isso que o Justiceiras e o Me Too estão aqui, como uma rede de apoio e porta de entrada para o sistema de Justiça. Quanto mais falarmos sobre isso, mais fácil será enfrentar o problema. E o primeiro passo é a prevenção por meio da informação.”
A íntegra do webinar de lançamento do Me Too Brasil, com a participação de mulheres jornalistas, advogadas e profissionais do setor audiovisual, pode ser assistido clicando aqui.